O Reforço


Até agora vimos que o comportamento pode ser explicado por dois tipos de paradigma: o respondente e o operante. O comportamento respondente caracteriza-se por uma relação organismo-ambiente (contingência) em que um estímulo elicia uma resposta. Esta contingência é explicada apenas com dois termos S R e esclarece como acontecem as respostas emocionais, por exemplo (Skinner, 1953). Para ilustrar, tomemos Joana como personagem. Joana ao falar em público responde com rubor na face, ou seja, pessoas numa plateia (S) eliciam () rubor na face (R) de Joana. Apenas o estímulo antecedente é suficiente para eliciar uma resposta corporal em Joana. Porém, o comportamento respondente será explicado melhor em postagens futuras.


O comportamento operante classifica-se como aquele que produz consequências (modificações no ambiente) e é afetado por elas. Esse tipo de comportamento recebe esse nome, pois evidencia o fato de o indivíduo operar sobre o meio em que vive e produzir efeitos ambientais (Skinner, 1953). Comportamentos como, por exemplo, andar de bicicleta, ler um livro, conversar, assistir um filme, comer, jogar baralho e etc., são explicados pelo paradigma operante, pois todos foram aprendidos e modelados pelas consequências ao longo da história do indivíduo que se comporta. Mas como isso acontece?


A aprendizagem nesse tipo de comportamento se dá pela seleção por consequências e é chamado de condicionamento operante (Moreira e Medeiros, 2007). A contingência nesse caso é explicada com três termos ou mais, Sd – R S+, sendo o primeiro termo chamado de estímulo discriminativo (Sd) que fornece ocasião para ( – ) a ocorrência de uma resposta (R), que produz () uma consequência reforçadora(S+). Por exemplo, diante de uma plateia lotada (Sd), Joana apresenta uma palestra (R) e tem aplausos como consequência (S+), o que reforça o seu comportamento de palestrar mais vezes futuramente.
O termo reforço refere-se a toda consequência que age sobre o comportamento aumentando a sua probabilidade futura. Por exemplo, Marcos, sempre que cozinha para namorada recebe beijos e elogios como agradecimento, o que aumenta a probabilidade desse comportamento de cozinhar voltar a ocorrer. Pedrinho, sempre que faz birra ganha atenção dos pais, o que mantém o seu padrão mal-educado e assim por diante. As consequências reforçadoras são aquelas que reforçam um comportamento, ou seja, fazem com que este apareça mais vezes no ambiente. Assim, tal como na teoria da evolução de Darwin, uma resposta é selecionada naturalmente pelo ambiente, como adaptativa para a sobrevivência de um indivíduo.
O processo do reforçamento é dividido em positivo e negativo. O termo positivo refere-se ao conceito matemático de adição, ou seja, algo é adicionado ao ambiente. O termo negativo refere-se à subtração, isto é, algo é subtraído do ambiente (Skinner, 1953).  Portanto, o reforço positivo é aquela consequência que é adicionada no ambiente aumentando a probabilidade futura de um comportamento. Por exemplo, sempre que vou a um restaurante, faço um pedido ao garçom e sou atendida com o que solicitei, assim, a minha resposta de pedir foi reforçada com algo que se acrescentou ao meu ambiente (Moreira e Medeiros, 2007). Diante desse histórico, é mais provável que sempre que eu esteja diante de um garçom eu levante a mão e faça um pedido. Todo sábado à noite (Sd) Joana liga (R) para o namorado, ele atende dizendo “alô?” (S+), o que aumenta a probabilidade dela ligar mais vezes.
A seguir será apresentado um esquema explicativo da contingência de reforçamento positivo:


Note que a apresentação da consequência reforçadora (S+) após a resposta, retroage sobre a mesma, aumentando sua probabilidade ().
O reforço negativo é a consequência que aumenta a probabilidade de uma resposta com a retirada (subtração) de um estímulo aversivo do ambiente. Por exemplo, sempre que tomo um remédio evito uma dor de cabeça, ou seja, a minha resposta de tomar um remédio aumenta de probabilidade sempre que a dor é subtraída do meu ambiente. Toda vez que um cobrador (Sd) liga para Joana, ela aperta o botão “end” do celular (R), o que evita uma cobrança inoportuna (S–).
Segue abaixo um esquema explicativo da contingência de reforçamento negativo:



Note que a retirada da consequência aversiva (S–) após a resposta, retroage sobre a mesma, aumentando sua probabilidade ().
Assim, o organismo desde seu nascimento vai interagindo com o ambiente e suas respostas vão sendo selecionadas, modelando os seus comportamentos ao longo da vida. As respostas que não são produtivas ou não são aceitas em um grupo social tendem a diminuir de probabilidade sempre que são punidas, ou colocadas em extinção. Na próxima postagem veremos como funciona a punição. 

Por: Maíra Matos Costa

Referências Bibliográficas:

Moreira, M. B. & Medeiros, C. A. (2007), Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre. Ed: Artmend.
Skinner, B. F. (1953). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.

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