Que profissão escolher? Eis a questão!



   Segundo Skinner (1953) o comportamento de decidir implica em tornar um curso de ação mais provável do que o outro, ao analisar os possíveis benefícios que cada um oferece. Essa habilidade nem sempre é bem desenvolvida em jovens que estão em uma fase conturbada, repleta de mudanças e novas responsabilidades. Weber (2009) explica que a adolescência “é a fase inicial da construção de uma nova identidade estando ainda recheados pela velha identidade infantil, tão controlada, mas tão conhecida e cheia de privilégios e carinhos” (p. 56). Estas criaturas indefinidas, que ainda não sabem quem são, se vêem obrigadas a decidir por algo que também não compreendem, além de sofrerem pressão da sociedade para que isso seja feito rápido e com perfeição.



É realmente uma tarefa complicada decidir por uma profissão, já que, muitas vezes, a prática profissional pode ser a atividade mais importante na vida de um adulto. Por isso, a psicoterapia analítico-comportamental, junto com outras áreas da psicologia, (como a organizacional, por exemplo) visa proporcionar reflexão e autoconhecimento por meio da Orientação Profissional (OP) e dispõe de ferramentas importantes para ajudar os jovens nesse desafio (Noronha e Ambiel, 2006). 

A Orientação Profissional costuma se diferenciar da mais conhecida “Orientação Vocacional” por pequenos detalhes. Para os analistas do comportamento, o termo “vocação” não seria o mais adequado, já que faz menção a algo mentalista, ou seja, uma característica supostamente inata da pessoa. Hoje a ciência compreende que a “vocação” não é algo que vem no DNA, ela nada mais é do que um conjunto de interesses e habilidades que se desenvolveram ao longo da história do indivíduo (Moura e Silveira, 2002). Cabe ao profissional da psicologia promover autoconhecimento no adolescente para que, assim, essas habilidades sejam ressaltadas e os interesses pessoais do cliente possam se encontrar com o que os cursos universitários têm a oferecer.



A orientação profissional realizada na terapia acontece da seguinte forma:

l) O terapeuta leva o indivíduo a identificar os prós e contras dos diferentes contextos aos quais seus comportamentos de escolher estão expostos; 

2) Ele proporciona informação relevante sobre as profissões de interesse, discutindo compatibilidades e perspectivas, de maneira racional;

3) E com isso, aumenta a probabilidade de ocorrência de comportamentos relacionados à tomada de decisão.

Além disso, o psicólogo será capaz de identificar pensamentos e sentimentos a respeito da decisão profissional, interpretar como os contextos do adolescente interferem na tomada de decisão. Alguns jovens em contextos como estes, muitas vezes têm seus comportamentos controlados por regras inadequadas, transmitidas pela família ou pela sociedade como um todo, como, por exemplo, “meu filho deve ser médico, assim como os antecedentes da família” ou então “essa profissão tem que sustentar para o resto da vida”. Tais verbalizações podem controlar comportamentos inadequados, deixando o adolescente ainda mais confuso durante esse processo (Moura e Silveira, 2002).



A psicoterapia, para esses tipos de demanda, promove a comunicação entre familiares e consiste em um processo de fortalecimento da autoestima, além do desenvolvimento de habilidades relevantes para a vida adulta que o adolescente ainda não possui. 

A seguir, serão apresentadas algumas dicas importantes que podem dar início a ajuda que os profissionais da psicologia oferecem:

1) As profissões algumas vezes podem estar na moda e o seu interesse por ela também pode ser passageiro. Fique atento!

2) Cuidado com qualquer teste vocacional que aparece na internet ou que seja aplicado por pessoas não capacitadas. Eles muitas vezes podem piorar a situação de escolha;

3) A influência dos pais algumas vezes pode ser forte, mas ao realizar sua decisão, uma boa conversa pode ser realizada a fim de esclarecer a importância dessa decisão em sua vida;

4) Analise os seus interesses sabendo separar o que é lazer de profissão e se pergunte “eu realmente me vejo trabalhando com isso?”;

5) Converse com profissionais da área, procure informações relevantes;

6) Não tome uma decisão com apenas um fator de influência. Reúna a maior quantidade de pontos positivos!



Contudo, vale ressaltar que, como em muitas outras fases da vida, as dificuldades que são encontradas na tomada de decisão de uma profissão podem ser melhor superadas se forem bem orientadas. E o mais interessante é saber que, para a maior parte destes desafios, a capacidade para superá-los está em todos nós, basta desenvolve-la adequadamente.

Por: Maíra Matos Costa


Referências Bibliográficas

Moura, C. & Silveira, J. (2002). Orientação Profissional sob o enfoque da Análise do Comportamento: avaliação de uma experiência. Revista Estudos de Psicologia. v. 19, n. 1, p. 5-14.

Noronha, A. P. P. & Ambiel, R. A. M., (2006). Orientação Profissional e Vocacional: análise da produção científica. Revista Psico-USF, v. 11, n. 1, p. 75-84.

Skinner, B. F. (1953). Ciência e Comportamento Humano. Ed. Martins Fontes: São Paulo.

Weber, L. (2009). Eduque com Carinho: equilíbrio entre amor e limites – para pais. Editora Juruá: Curitiba.

Comentários

  1. Maira seu blog tem sido bastante reforçador para mim. Sou terapeuta behaviorista iniciante e as dicas de técnicas e leituras que aqui encontro têm auxiliado no meu desenvolvimento profissional. Obrigada!

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  2. Uma dica: O capítulo"E agora José, compra um carro ou anda a pé?" do Livro Falo ou Não Falo (Conte & Brandão) é interessante para trabalhar com o cliente acerca de tomada de decisões.

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  3. Que ótimo Aline! Seja sempre bem vinda. Tenho tido pouco tempo de atualizar o blog ultimamente, por conta do projeto que lancei este ano aqui. Mas estou sempre atenta aos comentários. Conheço este livro, adorei a dica. Obrigada! :)

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