Compulsão Alimentar e Autocontrole

A compulsão alimentar é um padrão de comportamento muito comum nas sociedades ocidentais. Consequentemente, no trabalho clínico do psicólogo a queixa de acessos de hiperfagia também se fazem frequentes. Assim, a psicóloga Maíra Matos junto com um dos mais consagrados e experientes psicólogos clínicos de Brasília, o professor Antônio Isidro, apresentaram uma palestra sobre o tema, no auditório do Instituto São Paulo de Análise do Comportamento, INSPAC, no dia 13 de julho de 2013.




A seguir será apresentado parte do conteúdo dos slides da palestra, confiram:


O que é compulsão alimentar? 




· O termo compulsão alimentar se refere a episódios de comer em excesso caracterizados pelo consumo de grandes quantidades de comida em intervalos curtos de tempo, seguido por uma sensação de perda de controle sobre o que se está comendo (Appolinario, 2004).



· Segundo o CID – 10, a compulsão alimentar está inclusa entre os transtornos alimentares, tais como “Hiperfagia associada a outros distúrbios psicológicos” (F50.4) e dentro do diagnóstico de “Bulimia Nervosa” (F50.2), na qual o indivíduo também apresenta acessos de hiperfagia.


· Tais diagnósticos evidenciam causas internalistas para tais comportamentos, apresentando-os como “transtornos mentais e de comportamento”. 

Como a compulsão alimentar acontece?




Contingências Competitivas:

· Ao se alimentar com alimentos saborosos, porém maléficos à saúde, o indivíduo tem acesso a um reforço imediato, que sustenta o que Baum (1994) chama de “armadilhas de reforço”.

· “(...) uma resposta tem consequências que provocam conflitos – quando leva tanto a reforçamento positivo, quanto a negativo” (Skinner, 1953, p. 252)

Consequência imediata x consequência atrasada





Impulsividade x Autocontrole
— - Rachlin (1991) afirma que o valor reforçador de uma conseqüência é dado pela relação entre magnitude e atraso, sendo diretamente proporcional a magnitude e inversamente proporcional ao atraso.


— - Uma consequência futura pode exercer controle sobre o comportamento presente através das regras apresentadas pela comunidade verbal.

— - A noção de controle está implícita em uma análise funcional. 

— - Quando descobrimos uma VI que possa ser controlada, encontramos um meio de controlar o comportamento que for função dela.

— - Para modificar o próprio comportamento, o indivíduo precisa modificar seu ambiente para que este o controle de forma adequada.



Autocontrole


— O conceitos de autocontrole do senso comum e/ou mentalistas definem de forma cíclica tal comportamento.


— Uma explicação deve tornar o assunto inteligível ao invés de torná-lo ambíguo ou obscuro.


— Explicações mentalistas fazem uma diferenciação entre dentro e fora do sujeito, sendo a parte interna responsável pelo controle do comportamento.

Essa atribuição de causa a partes ocultas torna inviável a investigação científica (Nery e de-Farias, 2010).



O Controle do Comportamento

— Segundo Skinner (1953) há um tipo de repertório comportamental especial que prepara o indivíduo para o futuro.



— Esse comportar-se se refere à manipulação de variáveis ambientais, das quais outro comportamento seu é função.


— Uma resposta, a controladora, afeta variáveis de maneira a mudar a probabilidade da outra, a controlada.

A imagem a seguir ilustra como é possível exercer contracontrole no ambiente que proporciona “armadilhas de reforço”:




— Rachlin (1972, citado em Nery e de-Farias,2010) define autocontrole como a escolha ou preferência pela alternativa de reforçamento maior atrasado, sendo a escolha do estímulo menor imediato chamada de impulsividade.

— O atraso e a magnitude são dimensões independentes, e relativas, do reforçador; atraso e magnitude controlam a preferência.

— O autocontrole é um tipo de situação de escolha entre diferentes alternativas.

— A resposta que produz o reforço pode ou não fazer parte do repertório do indivíduo. Assim, ele não a emite porque não é capaz de identificá-la ou por não possuir em seu repertório comportamental.

Técnicas de Autocontrole


— Skinner (1953) apresenta técnicas de autocontrole tais como:

- Mudança de estímulos; 

- Privação e saciação; 
- Condicionamento operante, entre outras

Aplicação na Clínica

— O papel das regras e autorregras na emissão de comportamentos alimentares autocontrolados é importante. 
O autocontrole pode ser estimulado por meio da modelagem de descrições verbais adequadas das contingências.

— O autoconhecimento através de Análises Funcionais, facilita ao cliente a previsão e controle do próprio comportamento.



Como induzir o autocontrole?




— Tornamos esse comportamento controlador mais provável dispondo contingências especiais de reforço.

— Será sempre necessária a reformulação de regras adequada por parte do terapeuta.

— O reforçamento social para comportamentos adequados auxilia no desenvolvimento do autocontrole. 

Considerações Finais

“O homem é visto como parte da natureza. A ideia de interação entre indivíduo e meio-ambiente amplia a concepção de liberdade do ser humano, pois demonstra a possibilidade que o homem tem de se modificar, modificando o meio em que vive” (Todorov, 1982, citado em Nery e de-Farias, 2010).

Por: Maíra Matos Costa

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Referências Bibliográficas
Baum, W. M. (1999). Compreender o Behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura. Porto Alegre. Ed: Artmed.
Nery, V. F., & de-Farias, A. K. C. R. (2010). Autocontrole na perspectiva da Análise 
do Comportamento. Em A. K. C. R. de-Farias, (Org.), Análise Comportamental 
Clínica: Aspectos teóricos e estudos de caso (pp.112-129). Porto Alegre: 
Artmed.
Skinner, B. F. (1953). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.

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